quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Maternar em tempo integral

Ser mãe em tempo integral é contradição, pois é com certeza a função mais desgastante que já exerci e ao mesmo tempo a maior benção que tenho... Poder acompanhar de perto o desenvolvimento motor da Alice, sua comunicação peculiar e a personalidade se manifestando. Tomar a frente da alimentação, preparando as refeições e apresentado a ela o que eu acho essencial para a formação do seu paladar, evitando o que possa atrapalhar. Impor limites com carinho, acolhendo suas frustrações, colocando em pratica tudo aquilo que eu acredito ser o melhor na sua educação. Estar presente para brincadeiras, para arrancar gargalhadas, ser colo aconchego, ser sua principal referência de afeto... Mas eu enquanto mulher e profissional muitas vezes me pego insatisfeita, como em toda a decisão que a gente toma, essa é uma consequência. Não sei se por eu não ter uma funcionária para me ajudar com a Alice e minha família morar longe, para eu ter um tempo para mim, ter um mínimo de liberdade. As vezes a sobrecarga vira uma bola de neve, pois no meio dessa rotina, o dente começa a nascer, seu bebe fica irritado, o nariz entope, acorda demais a noite, não tira as sonecas direito, suas costas doem, você se sente sozinha, o corpo cansa, a mente também e vai se acumulando uma energia de estresse onde na verdade deveria haver empatia e compreensão. Eu como humana tenho que me perdoar, mas me culpo quando não consigo "segurar a onda". Faz falta a vida social, o trabalho, o sono, a conversa tranquila com os amigos, os passeios com o marido, a liberdade que eu tinha ... Sinto gratidão por poder viver esse momento tão intensamente com todos esses sentimentos bons e ruins mas acima de tudo transformadores. Eu e meu marido fizemos essa escolha temporária pois a minha profissão permite, uma vez que sou autônoma e graças a Deus ele consegue segurar as pontas. Alice hoje está com quase 11 meses, já anda segurando nos móveis, tenta falar suas primeiras palavrinhas, entende algumas palavras, como "dança", "passarinho", "boi", "mamãe", "papai", "não". Quando nos vê comendo e quer, vem engatinhando até a nossa perna mostrar que quer comer, faz o mesmo quando quer colo. "Briga" comigo e diz "mão" (não) quando corrijo alguma atitude, retiro algum objeto perigoso de suas mãos. É muito especial ver tanta coisa acontecendo em um espaço de tempo tão curto! Também admiro e respeito às mães que saem para trabalhar e que são exemplos para seus filhos, que chegam em suas casas cansadas e ainda dedicam o seu melhor para eles, otimizando seu tempo com os pequenos. Acho que não existe o ideal, cada família se adapta à sua realidade é cada mãe escolhe o que julga ser o melhor para si e para o filho. Muitas vezes estou com a aparência cansada, sobra pouco tempo para me cuidar, mas estou realizada enquanto mãe por viver essa fase, com o bônus e o ônus de ser uma mãe em tempo integral.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Nutrição emocional

Desde que pensei em engravidar e virar mãe, o universo me atraiu pessoas, informações que me levaram a refletir e tomar consciência das minhas escolhas, viver meu "enxoval" da gravidez acumulando informações de qualidade e viver meu parto de maneira ativa, decidindo por acolhimento e afeto na recepção da minha filha ao mundo. E maternidade é um caminho diário de escolhas que nós fazemos para os nossos filhos até que eles possam fazer suas próprias escolhas. E que elas sejam de afeto, pois um dia seremos lembranças para eles, e que tipo de lembranças queremos ser? E numa sociedade do material, do imediatismo, do industrializado, da medicalização, trago um texto maravilhoso da Tainá Bandeira, uma pessoa querida, amiga e cineasta, que nos convida a repensar nossas escolhas quando se trata de nossos filhos. Gratidão: ​O cérebro humano pode acumular ao longo da vida incontáveis memórias, que cobrem desde momentos da mais tenra infância até os anos mais maduros. A lembrança do tempo passado no útero, as acomodações e contrações do mistério inacessível em que seu corpo se formou, essa lembrança, no entanto, lhe é vedada. Junto com o esquecimento completo dos nove meses que passou dentro do ventre, o ser humano tampouco tem lembrança (consciente, pelo menos) das suas primeiras experiências de nutrição, de cuidado e de proteção. Dos primeiros contatos com o seio da mãe aos primeiros engasgos, do gosto do leite materno ao aconchego do corpo que alimenta, trata-se de uma gama de memórias e sensações que, se fosse possível ser acessada, poderia elucidar algo. E algo de essência energética, afetiva e emocional. ​A nutrição que uma mãe e um pai podem prover ao filho é de vital importância para a sobrevivência da criança. É uma alimentação biológica que mantém o corpo da criança ativo, desperto e em crescimento. Tão importante quanto ou mais importante do que essa é a alimentação afetiva, que envolve todos os sentidos, todo o corpo e toda a alma do ser em desenvolvimento. Não há um único grama de caloria vazia nesse nutriente que é tão imaterial quanto natural – o afeto – e que será o combustível com que a criança (e mais tarde o adulto que ela se tornar) irá percorrer o mundo. Não há excesso desse nutriente e nem limite para o quanto se pode ingeri-lo. Não engorda e não faz mal. Ao contrário dos alimentos, que entram em nosso sistema e que exigem do organismo quantidades consideráveis de energia para sua digestão, as somas de amor que recebemos nada exigem do corpo. Nada pedem dos órgãos. Simplesmente alimentam e preenchem e assim nos fazem plenos. Entre a saciedade da fome do corpo, e a saciedade de uma outra fome que talvez possamos chamar de “emocional”, desenvolvem-se o bebê e todas as suas necessidades. E cada umas dessas necessidades aponta para a construção de um ser humano capaz de realizar tudo aquilo que conhecemos por humano: pensar, criar, inventar, sonhar. Cada gesto que o bebê aprende a realizar (digamos, empilhar blocos coloridos uns sobre os outros) é fruto de milhões de anos de evolução, e cada passo seu é uma conquista e uma realização do potencial da natureza. Tão nutritivo quanto o alimento que foi combustível para esse passo é o amor dos pais que ensinaram e encorajaram e que, ao fazê-lo, deram à criança asas para todos os voos. É possível que os distúrbios alimentares e as compulsões que assolam nossa cultura hoje sejam fruto direto da carência primordial desse elemento chamado afeto. Os alimentos se tornaram objeto de tanto escrutínio que se torna difícil pensá-los como aquilo que de fato são: combustível. Comida se tornou símbolo de uma série de coisas que não a mais sábia fonte com que a natureza nos presenteou para a saciedade da necessidade energética de nossos corpos. Comida se tornou uma espécie de tampão emocional, um consumo excessivo que nos afasta temporariamente das ansiedades e dos medos. As privações afetivas da infância retornam com fúria e terminam quase sempre entaladas na garganta, como bocados de comida mal deglutida. Em um cenário desequilibrado de excesso alimentar e de emoções indigestas, a criança vai crescendo. E aquele bebê que ficou sem a satisfação de suas necessidades básicas, as de amor e de cuidado, cai vítima de tantos símbolos, adentrando o labirinto da adolescência com o corpo já mitigado pela dúvida e pela insegurança.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Orientações na amamentação e nos cuidados com o RN

Para quem não sabe, fiz uma mamoplastia e amamentei, junto com complemento, a Alice até os 7 meses. Infelizmente depois que introduzi sólidos ela largou o peito. Tem um relato sobre as minhas dificuldades e vitórias na saga que foi amamentar a Alice no blog "parto em Rondônia", quem quiser saber mais acessa lá em www.partoemrondonia.com.br. Hoje teremos dicas sobre amamentação e cuidados com o recém-nascido, com a querida Milena Sanches, enfermeira obstetra que atua na assistência ao parto normal humanizado e orientações nos cuidados do pós-parto, tanto do bebê quanto da puérpera. Além de oferecer cursos sobre amamentação e cuidados com o recém-nascido, tem uma página informativa no facebook com o nome "Nascer Amor". Muito rico, confiram: "A amamentação pode ser uma fase de muitos aprendizados para algumas mães, principalmente para aquelas que estão tendo agora seus primeiros bebês. Um destes aprendizados refere-se à maneira correta da pega do bebê. Isso é importante para garantir todos os benefícios da amamentação. Lembrando que o colostro é um líquido que antecede o leite materno muito nutritivo para o bebê, que deve ser oferecido ao bebê logo nas primeiras horas de vida e é suficiente para sua alimentação nos primeiros dias de vida. Quando o bebê não pega corretamente o seio da mãe para a amamentação, algumas consequência são dor e rachaduras nos seios, diminuição do volume de leite produzido, ingurgitamento mamário. Além disso, o bebê não consegue ganhar peso e o desmame ocorre de forma precoce, sendo também doloroso para a mãe amamentar. E tudo isso não deve ocorrer, porque amamentar é um ato de amor, além de ser um benefício para o bebê, deve ser um momento prazeroso para ambos! Para a pega correta, o bebê deve abrir bem a boca e abocanhar quase toda a auréola do seio da mãe, mantendo sua boca ainda bem aberta e acoplada ao seio. Ficando agora com os lábios invertidos, seu queixo chega a encostar no seio e a auréola fica mais visível na parte de cima da boca do bebê do que abaixo. Dessa forma, as sucções ocorrem de maneira lenta e o bebê consegue sugar, respirar e engolir, tudo de maneira coordenada e natural. A língua do bebê entra em contato com sua gengiva inferior, suas bochechas ficam redondinhas, ele pode colocar sua mão apoiando o seio e fica bem fixado, sem escorregar. A mãe deve tomar cuidado para não segurar o seio de maneira a bloquear a saída de leite. De maneira geral, não há necessidade de segurá-lo, apenas se a mulher tiver seis grandes e pesados. Alguns sinais que podem ser percebidos pela mulher quando a pega está correta são cólicas uterinas e o seio oposto vazar. Além da amamentação o bebê exige muitos outros cuidados. O umbigo, por exemplo, precisa estar sempre seco e limpo. A limpeza deve ser feita uma vez por dia, com uso de sabão neutro durante o banho, até a queda espontânea do coto umbilical, que ocorre por volta do 7º dia após o nascimento. Seque-o com uma toalha, e em seguida, passe em toda a região um cotonete umedecido em álcool 70º. Não utilize nenhum outro produto e não cubra o umbigo com faixas. O banho do bebê deve ser realizado uma vez por dia, de preferência no período mais quente do dia, entre as 11h e 15h. A temperatura da água deverá ser de 36 graus. Confira SEMPRE o Calendário de Vacinação, desde os primeiros dias de vida. Não deixe que seu filho fique sem nenhuma vacina! Esses são alguns cuidados com os bebês e ainda há outros. As dúvidas sempre surgem e se surgirem, consulte um profissional da área!" Milena Pinheiro Sanches ENFERMEIRA OBSTETRA Celular: (11) 99356-5550 E-mail:nascereamor@gmail.com

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Intuição materna e o poder da oração

Aos 9 meses o primeiro grande susto com Alice, duas e pouco da madrugada ela caiu da cama. Aqui em casa nós optamos pela cama compartilhada, não apenas por nos identificarmos com a pratica, mas também por uma questão de espaço. Pois bem, para explicar melhor, o papai perdeu o sono e foi para a sala e eu não vi, acordei com o barulho, a cama vazia e o desespero e fui buscar, atordoada, minha filha no chão. Mas esse na verdade é um relato de fé. Assumo aqui que apesar de ter uma educação católica e me identificar também com o espiritismo de Allan kardec, não fui uma pessoa de frequentar igreja ou centro assiduamente, foi bem esporádico na verdade, mas cresci ouvindo minha mãe falar em Nossa Senhora e sabendo que meu pai fez seminário e tocava em missa, fiz catequese, enfim, tive educação religiosa. Mas isso não me deu o hábito de rezar todos os dias. E agora que sou mãe, e sou muito grata pela filha saudável e feliz que tenho, tenho procurado frequentar a igreja e me policio para orar sempre pedindo proteção à ela e agradecendo pela sua saúde, mas nem sempre lembro, ainda não se tornou um hábito. E eu já estava a alguns dias, por um motivo ou outro, sem fazê-lo. E incrivelmente, na noite que ela caiu da cama me veio esse desejo de rezar, orar e até mesmo me perdoar e tentar melhorar isso e o fiz. Peguei na mão do meu marido, com minha filha dormindo em meus braços, nós 3 em uma só energia e agradeci também em voz alta pela sua saúde e pedi proteção. A minha cama não é segura para um bebê, é muito alta e já estamos resolvendo isso, então o anjinho da guarda protegeu muito minha Alice, quando a peguei estava de barriga para baixo e não havia sequer batido a cabeça. Ela pouco chorou, talvez por perceber o tamanho do meu susto e de alguma forma quis me manter calma. E depois que passou e me acalmei, pensei no meu instinto de rezar, na minha conexão com a minha filha, e na importância de fazer disso um hábito pois pude testemunhar que oração de mãe é poderosa. Então, independente de religião, vi a importância de abençoar e orar pelos filhos. Agora mais do que nunca vou me esforçar para fazer disso um hábito, não automático claro, mas com muita intenção e luz.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Sobre uma ligação antiga de pai e filha.

Sabemos que o amor paterno é importante para a saúde emocional e o desenvolvimento saudável dos bebês! E os papais estão cada vez mais antenados e conscientes do seu papel a fim de participar ativamente nos cuidados, educação, brincadeiras, criando assim um vínculo seguro com seus filhos. Como já disse em outros textos, quando conheci meu marido, sonhei em tê-lo como pai dos meus filhos, e tem sido incrível vê-lo "paternar". E para contar um pouco do quão maravilhoso tem sido partilhar essa experiência e esse elo eterno que criamos, nossa filha, vou falar do amor antigo e da ligação mística entre o papai Herisson e a Alice. Desfrutem... O menino Herisson já sentia que teria uma filha e desde muito jovem, bem antes de conhecer a mãe Mariana, que morava na Bahia nessa época, já falava sobre a filha, desejando profundamente sua presença física futura em sua vida. Chegou a sonhar com sua menina. É certo que quando me conheceu teve medo de casar, depois medo da responsabilidade de ser pai. Mas sempre comentou sobre o desejo de ser pai de menina (arrisco dizer que comentava do desejo de ser pai da Alice, assim como nós a conhecemos hoje). A gravidez foi planejada e desejada por ambos, e quando soube que ia ser pai de uma menina, aquela sonhada a tanto tempo, foi o início da materialização do seu mais profundo e antigo amor. Ao final da gravidez, como escolhi ganhar a Alice em Brasília e com a eminência da possibilidade de não estar presente no dia do meu parto, pois teria que voltar para Rondônia, conversou com ela que assistiria de perto seu nascimento se ela nascesse até o dia 4 de outubro (a data provável) e ela nasceu dia 3 de outubro. Ele esteve presente no parto, e talvez não saiba descrever em palavras a emoção que sentiu ao vê-la nascendo e vê-la pela primeira vez! Uma experiência totalmente diferente de qualquer outra já vivida antes. "Senti uma mistura de medo, por não saber se estava tudo bem, e amor pelo momento único e especial que estava vivendo. Naquele momento virei pai, aquilo iria marcar minha vida para sempre". Quando leu comigo meu relato de parto, reviveu a emoção emocionando-se novamente. Ele confessa que o amor de pai é diferente do da mãe que já é sólido desde a barriga, e que para ele a convivência, o dia-a-dia acompanhando o desenvolvimento, a maior interação da filha com ele que o fizeram completamente apaixonado! Sempre me disse que a Alice adoraria ir ao sítio, adoraria terra, rio, assim como ele tem sua raiz e criação nesse meio. E incrivelmente a Alice amou seu primeiro banho de rio(na água ge-la-da), adorou andar a cavalo, gosta de pássaro, Carneiro, árvores, cachorro, galinha... Como ele sabia que seria. Sempre diz que ela é exatamente como ele imaginou, inclusive fisicamente. É pai babão, acha ela linda, diz que nunca conheceu uma criança tão esperta e alegre como ela. O olhar dela para ele e vice-versa, o "ba bai" que ela diz se referindo a ele, o sorriso que abre quando tem sua atenção e carinho são demonstrações gratuitas de amor. A primeira vez que engatinhou, aos 8 meses, foi ele quem viu... Todos os planos e objetivos incluem garantir uma infância e futuro felizes para a Alice, para ela nenhum esforço é demais! E ser pai, e papai da Alice tem sido tão bom, que ele não vê a hora de me ver barriguda novamente e ganhar mais um presente divino, outro filho. "É um imenso amor, que aumenta todos os dias!"

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Maternidade e o desejo de se tornar melhor

Sobre uma riqueza que a maternidade real vem trazendo pra mim... A grande maioria de nós julgam ou julgaram as pessoas em algum momento. Mães então, são alvos fáceis, principalmente dos que não têm filhos e são cheios de receitas e teorias. Quantas vezes pensamos "meu filho não vai fazer isso", "eu vou educar diferente" enquanto não tínhamos filhos? Confesso que eu algumas vezes... E ainda que eu tenha uma bebê de apenas 7 meses e ainda não tenha enfrentado situações de afronta, "birra" etc, já venho tentando melhorar essa postura de julgar as outras pessoas e suas escolhas. É incoerente eu querer respeito às minhas escolhas e não fazer o mesmo com o diferente. Não curto radicalismo. Assim que ganhei a Alice esse sentimento de respeito e admiração às outras mães e mulheres brotou mais intenso em mim. Adquiri solidariedade às mães de recém-nascidos, se eu puder ajudo no que for preciso. Só a minha experiência (que mostrei em um texto anterior) me trouxe essa consciência e desejo de contribuir de alguma forma. Coisas que eu não compreendia de forma alguma, como por exemplo uma mulher que escolhe não ser mãe, passei a acolher e respeitar. Inclusive a filosofia do blog é essa soma entre mulheres com foco em maternagem e temas relacionados e apoio mútuo. E acredito que o dom de maternar passa pelo desejo de se tornar uma pessoa melhor a cada dia, para ser o exemplo para os filhos. Sou humana e cheia de falhas, mas acredito na evolução, na capacidade do perdão, a si e ao próximo e na nova oportunidade e tentativa...E como é bom se abrir para o crescimento pessoal e enxergar essas possibilidades de cultivo de bons sentimentos, se permitindo ser humana e com seus defeitos, mas acima de tudo buscando melhorar diariamente!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Dividindo cuidados com o pai...

Vim refletir sobre divisão de tarefas no lar e nos cuidados com os filhos. Tenho uma diarista que por motivos de saúde está temporariamente afastada das atividades. Então pela primeira vez tenho que cuidar da Alice e dos afazeres da casa, que se acumularam até eu ter a notícia da diarista. E estou sentindo na pele a sobrecarga do acúmulo de funções que culturalmente afetam muito mais o sexo feminino. Meu marido não divide tarefas, apesar de colaborar, é como se a obrigação fosse minha, e isso se estende aos cuidados com nossa filha. Ele não entende como dever dos dois e sim como "ajuda" quando desenvolve algum cuidado com a pequena. No momento eu não estou trabalhando, e acho a melhor opção para os 3, e uma oportunidade maravilhosa de ser presente no primeiro ano de vida da minha filha. Quando questiono uma atitude mais ativa do pai, ele argumenta que trabalha fora. É legítimo, e eu tenho bom senso de não acordá-lo de madrugada, ele tem o sagrado descanso do almoço... Mas eu não fico à toa enquanto ele trabalha, estou disponível aos cuidados da Alice 24h, sem adicional noturno nem hora extra, já que ela ainda acorda de madrugada. E no momento sem diarista. Quando eu voltar a trabalhar, terei que conciliar com a casa e, principalmente, com os cuidados, as brincadeiras, tempo e atenção para a minha filha. E acho que o pai deve fazer o mesmo, afinal fizemos essa escolha. E se o pai não for presente e ativo, há desequilíbrio nessa balança, preconceito de gênero, e lamento por isso, pois ainda é preciso muita mudança para que minha filha tenha uma dinâmica diferente quando constituir sua própria família e para termos uma sociedade mais igualitária para homens e mulheres, onde o exemplo possa estar nas nossas casas. Eu tenho um grande companheiro e marido, que vem fazendo uma série de mudanças positivas nesses quase 6 anos de convivência! E eu sei que ainda estamos nos adequando como pais, aprendendo no dia-a-dia, errando tentando acertar. E acredito que ele quer ser ativo na criação e cuidados da Alice ... E pra falar a verdade, ele tem sido a seu modo. Um pai que me surpreende com seu amor e encantamento! E com o tempo, as divisões têm melhorado. Não é uma mudança fácil, mas é enriquecedora para a estrutura familiar moderna! Chegaremos lá! E ai, alguém se identificou? Alguma história motivante de pai ativo?